A trajetória política de Ciro Gomes nos últimos anos, especialmente a partir das eleições de 2018, apresenta uma série de decisões que culminaram na sua perda de relevância no cenário nacional. Após uma campanha presidencial em que se posicionou como uma alternativa à polarização entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, Ciro fez uma escolha que muitos consideraram um erro estratégico: decidiu se afastar do debate político e passar um tempo em Paris. Essa pausa não apenas distanciou-o das discussões cruciais do momento, mas também fez com que sua imagem se tornasse mais nebulosa para o eleitorado.

No pleito de 2022 Ciro se colocava como terceira via e acabou em quarto perdendo para Simone Tebet.

  1. Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
    Votos: 57.259.504
    Percentual: 48,43%

  2. Jair Bolsonaro (PL)
    Votos: 51.072.345
    Percentual: 43,20%

  3. Simone Tebet (MDB)
    Votos: 4.915.423
    Percentual: 4,16%

  4. Ciro Gomes (PDT)
    Votos: 3.599.287
    Percentual: 3,04%

Ao mesmo tempo, Ciro começou a adotar uma postura de crescente antagonismo em relação ao PT, partido com o qual havia uma história de apoio e colaboração. Suas críticas se tornaram cada vez mais contundentes, e sua revolta contra a legenda e seus líderes parecia, em muitos momentos, pouco justificada. Essa ruptura não só alienou eleitores de esquerda, mas também contaminou a imagem do PDT, seu partido, que começou a se afastar das suas raízes progressistas em busca de uma nova identidade política.

Um dos erros mais notáveis de Ciro foi o apoio velado ao deputado federal bolsonarista André Fernandes, que disputou o segundo turno em Fortaleza contra Evandro Leitão, candidato do PT. Essa escolha, que poderia ser vista como uma tentativa de ampliar sua base de apoio, resultou em um grande fiasco. Fernandes acabou perdendo para Leitão, demonstrando que a estratégia de alinhamento com figuras da extrema direita não apenas falhou, mas também desestabilizou ainda mais a posição de Ciro dentro do seu próprio partido e no cenário político local.

O ex-governador Ciro Gomes (PDT) atacou o candidato Evandro Leitão (PT) durante o debate da TV Verdes Mares à Prefeitura de Fortaleza. Em um comentário na página “Fortaleza Ordinária”, Ciro disparou: “Evandro ridículo”. Brasil 247

Além disso, sua tentativa de se aproximar da extrema direita, em busca de um eleitorado alternativo, gerou confusão e críticas tanto da esquerda quanto da direita. Ciro passou a ser visto como um político em constante mutação, sem uma clara definição de seu posicionamento ideológico. Essa ambiguidade o levou a ser considerado, por alguns bolsonaristas, como uma figura de esquerda, enquanto muitos esquerdistas o viam como um traidor de seus princípios.

A bancada do PDT na Câmara dos Deputados se reunirá, na próxima quarta-feira (30), para discutir, entre outras coisas, uma possível expulsão do ex-ministro e ex-deputado Ciro Gomes. Revista Fórum

Esses movimentos contribuíram para a sua queda em termos de relevância e influência. Ciro não conseguiu consolidar um espaço que o colocasse como a terceira via desejada por muitos eleitores insatisfeitos com a polarização entre PT e Bolsonaro. Em vez disso, sua imagem se deteriorou, resultando em uma percepção de que ele estava perdido entre duas correntes, sem conseguir se firmar como uma alternativa viável.

Em resumo, os erros de Ciro Gomes após as eleições de 2018, incluindo seu afastamento do debate político, a ruptura com o PT, o apoio velado a um bolsonarista em sua cidade natal e a confusa tentativa de aproximação com a extrema direita, culminaram em sua gradual perda de relevância. Essa trajetória deixou-o em uma posição desconfortável, sendo visto como um político sem um claro compromisso ideológico, o que prejudicou suas aspirações políticas e sua imagem pública.